Produtores de fruteiras e culturas perenes na América do Sul – nós queremos ouvir você.

O que você pensa sobre a fauna que ocorre em sua fazenda? O estudo conduzido por cientistas do Reino Unido, Brasil e Chile obterá informações importantes para a agricultura sustentável em regiões tropicais. Eles estão contatando produtores que possam responder o questionário para ajudar na pesquisa.

Os cientistas querem ouvir os produtores de fruteiras e culturas perenes para entender o que eles pensam sobre as aves, mamíferos, insetos e sobre a natureza em suas fazendas. Querem saber como os agricultores controlam as espécies que causam danos às culturas e o que fazem para atrair as espécies que gostam de ver em suas fazendas. O objetivo deste estudo é entender a percepção e o manejo da biodiversidade, para subsidiar melhor futuras iniciativas de manejo baseada na natureza, que aumentam a produção e conservam a biodiversidade na América do Sul.

 

 

Por que este estudo é importante?

Este estudo surge em um período crucial visto que a agricultura ocupa mais de 40% da superfície terrestre (Millennium Ecosystem Assessment 2005; Zabel et al. 2019) e ameaça muitas espécies devido a perda de hábitat (Pereira et al. 2012). A perda da biodiversidade é uma crise global, uma vez que entramos na 6a extinção em massa (Ceballos et al. 2015), com taxa de extinção atual 1000 vezes maior do que as taxas históricas (Pimm et al. 2014). Neste contexto, a produção sustentável de alimentos é essencial para reverter estas perdas de biodiversidade (Leclère et al. 2020).

A agricultura global não se expande uniformemente e algumas regiões do mundo, como a América do Sul, são mais pressionadas para produzir alimentos (Zabel et al. 2019; Tilman et al. 2017). A América do Sul é uma das regiões mais diversas do mundo, habitada por espécies únicas e ameaçadas. Infelizmente, porém, esta região também carece de pesquisas sobre agricultura sustentável (van der Meer et al. 2020).

A intensificação agrícola, que ajuda a suprir a demanda mundial por alimentos, pode ser alcançada de modo sustentável, protegendo os habitats naturais (Phalan et al. 2019). Sistemas de produção de alimentos de alta produtividade podem operar prosperamente em ecossistemas agrícolas ricos em biodiversidade, a qual mantém a produção. Sistemas agrícolas bem manejados podem proteger os meios de subsistência do agricultor e a biodiversidade, tornando-se resilientes às mudanças ambientais e propiciando habitats menos hostis a espécies ameaçadas. O sucesso destas iniciativas depende da realização de pesquisas que subsidiem o manejo sustentável.

O projeto Manejo Sustentável de Fruteiras na Caatinga – SUFICA (https://sufica.org/) objetiva aumentar a competitividade, sustentabilidade e resiliência em longo prazo da fruticultura convencional no Brasil, através de pesquisas sobre a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos na agricultura. O projeto desenha e testa colaborativamente inovações baseadas na natureza em fazendas de fruticultura convencional, trabalhando diretamente com os fruticultores e parceiros da indústria. Atualmente, o projeto está interessado em obter informações de fruticultores da América do Sul, que possam gerar recomendações sobre o manejo de sistemas de fruticultura e cultivos perenes tropicais.

 

Wildlife recorded on SUFICA farms. © SUFICA

Como eu posso participar? Como eu posso contribuir?

Produtores de fruteiras e cultivos perenes são convidados a participar deste estudo respondendo ao questionário online, que tem duração de 15min. Os produtores da América do Sul se beneficiarão com os resultados os quais serão amplamente comunicados através do projeto e dos parceiros locais.

O questionário está disponível online nos idiomas inglês, português e espanhol. Se você tiver algumas pergunta, por favor, fique à vontade para entrar em contato com Natalia Zielonka (n.zielonka@uea.ac.uk, Universidade de East Anglia), Dra. Fabiana Oliveira da Silva (fabianaosilva@academico.ufs.br, Universidade Federal de Sergipe) ou Dr. Eduardo Arellano (eduardoarellano@uc.cl, Pontificia Universidade Católica do Chile).

Esta pesquisa é financiada pelo UKRI Biotechnology and Biological Sciences Research Council Norwich Research Park Biosciences Doctoral Training Partnership, the Newton Fund (UK) and CONICYT (Chile) e INCT-IN-TREE.

 

Southern lapwing Vanellus chilensis (left) and Ruddy ground dove Columbina talpacoti (right). Photographs by Sharp Photography (left) and Benjamint444 (right), distributed under a CC-GY 2.0 license.

Ceballos, G., Ehrlich, P.R., Barnosky, A.D., García, A., Pringle, R.M. & Palmer, T.M. 2015. Accelerated modern human-induced species losses: Entering the sixth mass extinction. Science Advances 1: e1400253.
Leclère, D., Obersteiner, M., Barrett, M. et al. 2020. Bending the curve of terrestrial biodiversity needs an integrated strategy. Nature 585: 551–556.
Millennium Ecosystem Assessment, 2005. Ecosystems and Human Well-being: Synthesis. Island Press, Washington, DC.
Phalan, B., Green, R.E., Dicks, L.V., Dotta, G., Feniuk, C., Lamb, A., Strassburg, B.B.N., Williams, D.R., Ermgassen, E.K.H.J.z., Balmford, A., 2016. How can higher-yield farming help to spare nature? Science 351, 450-451.
Pereira HM, Navarro LM, Martins IS. 2012. Global Biodiversity Change: The Bad, the Good, and the Unknown. Annual Review of Environment and Resources 37:25-50. Pimm SL, Jenkins CN, Abell R, Brooks TM, Gittleman JL, Joppa LN, Raven PH, Roberts CM, Sexton JO. 2014.
The biodiversity of species and their rates of extinction, distribution, and protection. Science 344:1246752.
Tilman, D., Clark, M., Williams, D.R., Kimmel, K., Polasky, S., Packer, C., 2017. Future threats to biodiversity and pathways to their prevention. Nature 546, 73-81. Van der Meer, M., Kay, S., Lünscher, G. & Jeanneret, P. 2020. What evidence exists on the impact of agricultural practices in fruit orchards on biodvieristy? A systematic map. Environmental Evidence, 9: 2.
Zabel F, Delzeit R, Schneider JM, Seppelt R, Mauser W, Václavík T. 2019. Global impacts of future cropland expansion and intensification on agricultural markets and biodiversity. Nature Communications 10:2844